Mais uma vez ele se deita no escuro do seu quarto, que ilumina as sombras do seu consciente. Sabendo que não será sucedido na tarefa de dormir, ele tenta lembrar músicas e/ou rascunhar conhecimentos vãos na tentativa de se esquiver dos seus pensamentos, já que não pode ligar o som alto nos seus ouvidos. Mais uma vez, a sua única saída é gastar sua caneta tinteiro num papel, formando palavras malditas ou malescritas, na desenfreada fuga de si mesm. Assim ele poderia encarar o monstro que se tornava. Não fora uma metamorfose kafkiana, que seria algo bem mais suportável. Na verdade, durante 20 anos da sua vida o monstro espreitara a sua sombra, se encolhera em suas lembranças, se esgueirara em seus pensamentos. Vivera cada segundo de sua vida junto à ele, e a cada momento que se passava, era ele que vivia mais a mercê do monstro. Era uma simbiose perfeita, calcada na falta de equilíbrio entre as suas existências. A unidade dos seres era plena, e a aversão crescia e era algo intrínseco a sobrevivência de ambos. O ódio recíproco, a ojeriza que aumentava a cada minuto da existência compartilhada. Apesar de não provarem o être do outro, sentiam-se, como a mão sente o saco preto de lixo da cozinha, e tal antipatia os alimentava nesse embate entre eles.
Cansado, sem conseguir fechar os olhos, foi ao banheiro e mirou o espelho. Merda! Ele se tornara ele mesmo.
3 comentários:
É, eu acho que é um processo da amadurecência se transformar na antítese dos seus sonhos, ou encontrar nelas refúgio racional para incompreensões de nosso être.
Tenho certeza que não é muito relacionado a isso que você escreveu, mas foi uma das coisas que me veio à mente :P
Abração, lek!
Na verdade foi algo bem nesse caminho, mas não foi um movimento antitético não... Foi algo mais... Sei lá. Foi um momento de ódio mêmo ¬¬
Mande este pinto para todas as pessoas que você deseja comer em 2009!
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HUHUHUHUHU
só pra quebrar o clima de vocês
uyhahuyahyuah
(L)
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