domingo, 28 de dezembro de 2008

Live from Abbey Road. Programaço. Sâo colocados alguns artistas nos estúdios de Abbey Road, que pra quem não sabe, gravou um dos álbums mais lendários da história da música chamado Abbey Road (¬¬) dos Beatles, pra gravar algumas músicas ao vivo, afinal, quem sabe faz ao vivo e também rola uma entrevista com os caras, e mostra alguns pedaços delas. Tô vendo um nesse exato momento.

Começou com o John Mayer, que gravou Belief, Gravity e Vultures, as duas últimas, por sinal, são as melhores dele na minha opinião. Gravity em especial. Ela é de uma densidade, mas ao mesmo tempo de uma simplicidade que poucos foram capazes de sintetizar, musicalmente falando. Musicalmente os caralhos... Artisticamente falando em geral. E ele falando de Gravity foi exatamente o que eu acho da música. Ela não é uma música ridícula, tecnicamente falando. Ela é em 6/8, intenção menor. É um blues com um V meio cagado. Mas mesmo assim, ele disse que o que podia ser feito e foi deixado de lado é algo absurdo, e eu acredito nele! É assim que se faz música boa! O cara é um puta músico, tem um domínio perfeito da linguagem, mas tem noção do que é necessário e desnecessário ao montar uma música. Lindo.

Depois veio o Richard "Bitter Sweet Symphony" Ashcroft, e adivinha qual música ele gravou? Ta-dah. Mas o problema dele não foi nem a música, até porque eu gosto, mas sim a colocação dele. Ele falou que gosta das limitações musicais dele. Já começou errado. O cara vive da música e mais nada. E gosta de ser burro no ganha pão dele. É quase o cara ser cirurgião e falar, "ah, eu gosto de saber cortar, mas sutura nem é minha praia não...". Basicamente o cara tem medo de conhecimento. Foi ridículo. Mas aí o gênio foi terminar a frase dele. "Eu acho que a minha limitação musical faz com que a a minha ingenuidade seja latente na música." Aí que eu vi que ele tinha muito o que aprender com músicos de verdade, como tantos de soul music, John Coltrane e o nosso amigo John Mayer. Pra começar, nenhum conhecimento é demais. Mas afirmar que a qualidade da música dele tá calcada na falta de conhecimento dele? Eu acho um pouco demais... Acho meio complicado esses caras que acham que a música é só pegar o violão e fazer uma coisa que grude na cabeça. É muito mais do que isso. É um trabalho tanto emocional quanto técnico. Você tem que dominar a linguagem pra entender o que tá fazendo, e ao mesmo tempo você tem que traduzir o que te impulsiona a fazer a arte. São pessoas que nem o Richard "Bitter Sweet Symphony" Ashcroft que acabam por dar uma fama muito ruim aos bons e dedicados músicos. Vejam o Eric Clapton. Ele não teve uma formação oficial de música, mas ele era uma pessoa disciplinada e que treinava todo dia. Chegou a se mudar com o Mayall só pra ficar tocando Blues o dia inteiro (e usar umas droguinhas)! Então é por isso que eu devo mandar o Richard Ashcroft tomar no cu!

E depois ainda veio a Norah Jones pra completar o que eu tava pensando. Uma mulher sem virtuose, apenas com ótima noção do que fazia, conseguia construir melodias lindas e totalmente simples, que iam direto no coração. E sem contar que ela é linda e filha do Ravi Shankar (informação recém adquirida). Contudo, ela tem uma formação, ou seja, ELA ESTUDOU!!!!

Músicos do mundo, por favor, não sejam bostas que nem o Ashcroft e ignorem a educação musical. Não cuspam no prato que vocês comem, queridos.

Um comentário:

Abakauê disse...

PORRA, EU QUERO UMA NORAH JONES PRA MIM!