sábado, 1 de dezembro de 2007















E agora, o que restou?
Um filme...
No close pro fim...







Ouvindo: Letter From Home - Pat Metheny Group

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Uma poesia bonita

Sabes tão bem quanto eu sei que nunca fui bom com as palavras.
Sempre que tentava delas utilizar, enrolava-me mais do que já sou.
Mas sempre consegui me comunicar através do silêncio.
Olhares.
Carinhos.
Sorrisos.
Utilizava as palavras dos outros.
E no silêncio sou um mestre.
Mas ninguém entende o mestre do silêncio.
Tal linguagem é complexa e estranha à todos.
(Inclua-se no grupo.)

Mas do mesmo jeito que não entendem meus silêncios,
Não consigo me fazer entender por palavras.
Quando estas saem da minha boca, começam a dançar.
Muitas vezes, uma bela dança.
Bonita de se admirar.
Mas não informa o que deve.
Então eu volto para o silêncio.
Olhares (desviados).
Carinhos (evitados).
Sorrisos (amarelos).

E agora?
Não tenho mais recursos.
Do silêncio nada se aprende.
O erro mora no que é falado.
O que me resta a saudade que toma o lugar do esquecimento.
Que me olha com os seus olhos.
Ela me nega os seus carinhos.
E, diante o meu sofrimento, me sorri o seu sorriso.


Me mostra todo o perigo de ser feliz?



Ouvindo: Love is stronger than pride - Sade

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Pedido de desculpas

Me desculpe por tudo o que fiz
Me perdoe
Pela dor sentida
Pelo sofrimento
Pela expectativa
Pela decepção.

Por favor
Permita que eu vá sem me preocupar
Com tudo que aconteceu até agora
Com meus atos falhos
Covardes
Fracos
Fracos
Fraco.

Mas
Que sorte sua sentir isso
Porque eu
Por sua causa
Já não sinto mais nada.


Ouvindo: Alain Caron - Double Agent

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Texto que me foi apresentado pela Peps, e ilustrou perfeitamente algo que refletia há algum tempo.


"Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquetipo qualquer, mas pela pupila... Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante... A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos... Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo... Deles não quero resposta, quero meu avesso... Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim...Para isso, só sendo louco... Quero-os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças... Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta... Não quero só o ombro ou o colo, quero também sua maior alegria... Amigo que não ri junto não sabe sofrer junto... Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade... Não quero risos previsíveis nem choros piedosos... Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça... Não quero amigos adultos nem chatos... Quero-os metade infância e outra metade velhice... Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou... Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril... "

Oscar Wilde


Ouvindo: Tin Pan Alley (AKA Roughest Place in Town) - Stevie Ray Vaughan

domingo, 3 de junho de 2007

O que é bonito - Lenine

O que é bonito
É o que persegue o infinito
Mas eu não sou
Eu não sou, não...
Eu gosto é do inacabado
O imperfeito, o estragado que dançou
O que dançou...
Eu quero mais erosão
Menos granito
Namorar o zero e o não
Escrever tudo o que desprezo
E desprezar tudo o que acredito
Eu não quero a gravação, não
Eu quero o grito
Que a gente vai, a gente vai
E fica a hora
Mas eu persigo o que falta
Não o que sobra
Eu quero tudo
Que dá e passa
Quero tudo que se despe
Se despede e despedaça

O que é bonito...





Ouvindo: O que é bonito - Lenine

segunda-feira, 28 de maio de 2007


"E que eu, que me fiz poeta à sombra de tua ausência, possa esquecer que par délicatesse j’ai perdu ma vie."

Marcelo Bourscheid (adaptado)


Falam-me as rosas.
Me fazem chorar com suas palavras.
Dirigem a mim suas frases doloridas.

Os espinhos de uma linda rosa
Te fazem sangrar ao tocá-la.

Mantenho distância.
Mas seu odor me lembra o que me esforço pra esquecer.
Ludibriado pelo seu venenoso perfume,
Corto-me ao tentar me aproximar.
Acordo assim do maldito transe,
Com sangue escorrendo pelas mãos.
Junto ao meu corpo, meu o sangue tomba ao chão.







Ouvindo: Marvin Gaye - I Heard it Through the Grapevine





terça-feira, 15 de maio de 2007

Sem título

Uma vez eu já quis mudar o mundo.
Uma vez eu já confiei nas pessoas.
Eu olhava pela janela e via problemas.
E continuo vendo.
Eu olhava pela janela e via esperança.
Mas agora ela já se foi.

Eles não me apóiam.
Eles não me ajudam.
Eles não me vêem.
Como posso continuar?

Será que eu preciso de alguém?
Se eu não precisar, também não preciso continuar do mesmo jeito.
Já que não preciso, não vou mais me portar assim.
Como precisasse de alguém.
O que preciso de verdade é mudar.

Se ninguém vem comigo, eu também não vou com eles.
Inimigos ou amigos, de que valem?
Não importa.
Mão no bolso, chapéu na cabeça.
Siga nesse mar de lástima.

"Nos deram espelhos, e vimos um mundo doente."

terça-feira, 17 de abril de 2007

É incrível a facilidade que temos de nos sentirmos vazios de sentido, direção e significado... Tal como esse post.







Ouçam na ordem: Fool on the Hill, Nowhere Man e Strawberry Fields Forever dos Beatles. Prestem atenção na letra e no arranjo.






Ouvindo: Strawberry Fields Forever - The Beatles

quinta-feira, 29 de março de 2007

Sobretudo

Hoje eu acordei com necessidade de me comunicar.
Falar, escrever, ouvir, ler...
Mas sobre trivialidades, coisas pequenas.

Infelizmente o mundo não é assim.
Ele não deixa.
Se você quer ser feliz, entrister-se-á.
Se você quer ser triste, felicitar-se-á.
E se quiser escrever sobre, descobrirá que já o fizeram.
E melhor do que você o fez.

E daí?
O verdadeiro poeta é aquele que vê poesia na cópia.
Faz a cópia da poesia.
Ele vê poesia até na anti-poesia.

E acaba escrevendo sobre a mulher que cata lixo pra sobreviver.
Sobre o churrasquinho da esquina.
Sobre nada.
Sobre tudo.
Sobretudo.

Ouvindo: 3º movimento da 3ª Sinfonia de Brahms - Raphael Rabello

quarta-feira, 7 de março de 2007

Sem título 3

Eu queria poder erguer um monumento
Esculpir seu belo rosto em todo seu esplendor
Compor uma harmonia nostálgica
Acompanhada por palavras lindas
Que brilhassem teus olhos ao ler...

Mas tudo o que posso fazer
É registrar esses versos tortos
Tão imperfeitos, tão malfeitos
Tão ingratos e clichês.

Apesar de tudo
Eles têm sentido
E têm sentimentos.
Saem do coração
Que mora num corpo
Transformado no templo do tangível.


Ouvindo: Oswaldo Montenegro - Admirável Gado Novo (ao vivo)

terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

Re: Um pequeno texto sobre corações e poesias.

Ser seguido pelo demônio do bloqueio mental realmente é algo assustador para o artista. Muito mais para ele, que depende de exprimir o que sente, ele que sente a necessidade abraçar o mundo, acolhê-lo em seu coração e cuidar de todos como se fosse própria cria.

Quando esse demônio o alcança, o artista se sente fraco, desarmado, inútil, dentro dessa constante batalha que ele tem contra o mundo. Como ele vai continuar a abraçar o mundo, se ele não consegue mais criar a arte no dia-a-dia? Pior ainda. Como ele vai abraçar o mundo, se ele não consegue criar a arte dentro de si mesmo?

O artista é guiado, alguns mais, outros menos, pela emoção. É verdade o que já foi dito, que o coração congelado acaba por minar a produção artística. Mas esfriar o coração é apenas uma defesa pessoal. Convenhamos. Ninguém gosta de sofrer por gostar, por confiar, por amar ou pelo quer que seja. Sim, eu defendo o confinamento interno, e acredito que ele não é nada mais nada menos do que um meio de manter sua integridade emocional. Minto. Já não o defendo mais. Vejo que o artista não pode se aventurar por esses caminhos. O dever do artista é traduzir os sentimentos do mundo.

A partir de hoje, reaqueço meu coração congelado. Volto a amar, desamar, malamar. Talvez eu possa até me arrepender dessa escolha, mas eu sei que se isso ocorrer, sempre terei companhia das letras, das palavras, das notas, das melodias, das harmonias.

No final, a vida sempre foi e sempre será essa música, que começa sem começo e termina sem fim.





Ouvindo: Barão Vermelho - Down em Mim