terça-feira, 24 de julho de 2012

Você


"Gastei uma hora pensando um verso
que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
e não quer sair.
Mas a poesia deste momento
inunda minha vida inteira."



E eu estou aqui gastando uma hora da minha vida pensando num verso que eu também não consigo escrever. Eu estava com uma urgência de escrever algo e tentei fazer uma poesia, só que ela continuou naquele limbo entre eu e o mundo real. No momento em que eu me vi olhando pra tela do computador, eu lembrei dessa poesia do Drummond, e lembrei também da época na qual eu reclamava, sempre que eu queria escrever algo, que alguém já tinha escrito o mesmo e de um jeito melhor. Daí, pra variar, eu me apoderei das palavras do Drummond e fiquei lendo e relendo... E descobri que o que tava inquieto dentro de mim e querendo me inspirar era você.

Voltei pro meu dilema antigo, onde eu não consigo ser melhor do que os melhores, nem tão original quanto os originais, mas se existe algo que eu sou muito bom é em admirar algo.

Pra que que eu quero criar alguma obra de arte usando você como inspiração, se eu posso fechar os olhos e te olhar? Afinal, você se tornou tão viva na minha imaginação quanto na vida real. Na verdade, você fez a ligação entre o meu mundo e o mundo real.

Pra que eu vou tentar recriar você com palavras ou sons, se eu posso te ter sempre que eu vejo um dia ensolarado, ou sinto o vento no meu corpo, ou cada vez que meu peito bate forte?

Nesse momento, sem querer me comparar a qualquer outro que possa escrever, musicar, dançar, ou qualquer coisa que valha, a única obra de arte que eu já quis criar já foi criada, e por razões que escapam à razão, ela está agora nos meus braços, e nesses abraços, sejam aqueles apertados ou aqueles cujo espaço entre os corpos se estendem por quilômetros (mas que ainda assim são abraços), tenho olhares, beijos, sorrisos.

Essa obra é você, e eu espero que esse imenso momento que eu estou do seu lado inunde minha vida inteira.